quinta-feira, 18 de julho de 2013

Justiça derruba de novo recomendação contra fiscalização da Lei do Descanso

Mais de um ano após a publicação da Lei do Descanso (12.619), ainda não há uma definição clara de como ela deve ser fiscalizada pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). Pela segunda vez, a Justiça derrubou a recomendação feita pelo Conselho Nacional do Trânsito (Contran) para que a fiscalização fosse realizada apenas nas vias que ofereçam possibilidade “do cumprimento do tempo de direção e descanso”. Ou seja, onde haja pontos de parada suficientes que preencham os requisitos da lei.
Parece novela. Em setembro do ano passado, o Contran fez essa recomendação. Contrário, o Ministério Público do Trabalho (MPT), que quer a fiscalização já em todas as rodovias, entrou com um recurso e conseguiu derrubar a decisão do órgão, a resolução 417. Na sequência, a Advocacia Geral da União (AGU) também recorreu e, no início deste ano, obteve liminar restituindo a recomendação. E, agora, com um agravo regimental, o Ministério Público conseguiu derrubá-la de novo.
Em resumo, no dia de hoje, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) deveria estar fiscalizando o cumprimento da Lei do Descanso em todas as vias federais, o que todo mundo sabe que não está ocorrendo.
Mas não é só a falta de orientação para a PRF que vai contra a lei 12.619. Uma comissão na Câmara dos Deputados acaba de aprovar uma proposta que pode inviabilizar a lei.
“Esse posicionamento do Contran, refletindo o encaminhamento da Justiça do Trabalho, vem em boa hora e está em linha com os fatos recentes, que mostraram que a oposição à Lei 12.619 vem de setores ilegítimos”, afirma o procurador do MPT Paulo Douglas Almeida de Moraes.
Segundo ele, o órgão “continuará empenhado em fazer cumprir a Lei 12.619 e espera que o Congresso se reposicione tendo em vista que também foi indevidamente influenciado pelo MUBC para rever os termos da lei, em prejuízo dos interesses dos motoristas e de toda a Nação.”
O promotor se refere ao Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), que junto com a bancada ruralista na Câmara dos Deputados, tenta alterar a Lei do Descanso.
Veja abaixo a íntegra da deliberação do Contran, atendendo à nova decisão judicial:
DELIBERAÇÃO No- 138, DE 10 DE JULHO DE 2013
Revoga a Resolução nº 417/2012, do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, que altera o artigo 6º da Resolução nº 405, de 12 de junho de 2012, que dispõe sobre a fiscalização do tempo de direção do motorista profissional de que trata o artigo 67- A, incluído no Código de Transito Brasileiro – CTB, pela Lei n° 12.619, de 30 de abril de 2012, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO, “ad referendum” do Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN, no uso das atribuições que lhe confere o art.12, inciso I, da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que instituiu o Código de Trânsito Brasileiro, combinado com o art. 6º do Regimento Interno daquele Colegiado, e nos termos do disposto no Decreto nº 4.711, de 29 de maio de 2003, que trata da coordenação do Sistema Nacional de Trânsito e,
Considerando a decisão que deu provimento ao Agravo Regimental para revogar a liminar concedida no Mandado de Segurança nº 0046-34.2013.5.10.0000, resolve:
Art. 1º Revogar Resolução nº 417/2012, do CONTRAN.
Art. 2º Esta Deliberação entra em vigor na data de sua publicação.
ANTONIO CLAUDIO PORTELLA SERRA E SILVA

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Fonte: O Estado de S.Paulo
O governo trabalha para lançar os editais de concessão das rodovias BR-040 e BR-116 no fim deste mês e realizar os leilões na primeira quinzena de setembro. A expectativa da área econômica é que o Tribunal de Contas da União (TCU) aprove os estudos para a concessão das duas rodovias em breve.
Esses trechos serão o primeiro teste da nova modelagem de concessão de rodovias e servirá para medir o apetite dos investidores. Fonte do governo envolvida na negociação garante que é possível realizar o leilão dos nove lotes entre setembro e outubro de 2013.
Os editais das duas rodovias foram publicados em dezembro e o leilão estava previsto para o dia 30 de janeiro, mas foi adiado depois que o governo percebeu que as condições econômicas propostas para as concessões não agradaram os investidores. Foram realizadas, então, adaptações nos documentos e o mercado esperou pelos novos editais em abril, mas o governo decidiu adiar o processo novamente para definir a modelagem de financiamento.
O trecho da BR-040 se inicia em Brasília e se estende até Juiz de Fora, em Minas Gerais. Já a rodovia BR-116 liga a Bahia ao Rio de Janeiro, passando por Minas Gerais. A fonte do governo informou que, se tudo correr bem com o TCU, o edital será lançado até o fim deste mês.
Os documentos foram enviados em junho para o tribunal.
“A documentação voltou para reexame no TCU. Como o assunto já foi estudado, a análise agora deve ser mais breve”, disse a fonte.
Financiamento
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretende concluir nos próximos dias o desenho do financiamento das concessões, chamado de project finance. Essa definição é importante para adequar as estruturas de garantias aos projetos, uma das maiores preocupações hoje dos investidores por causa dos riscos envolvidos na fase pré-operacional, que leva 18 meses. Nesse período, há gastos maiores para a construção e não há haverá entrada de receitas.
Junto com os editais, os bancos divulgarão uma carta com as condições gerais de financiamento. As negociações ainda não estão fechadas, mas o acordo vem sendo costurado pessoalmente por Mantega com representantes dos setor. É possível que a modelagem seja anunciada antes do edital.
Apetite
A equipe do governo está otimista em relação ao interesse dos investidores. Segundo a fonte, o apetite não diminuiu em função dos protestos que ganharam as ruas. Esse é um questionamento que tem chegado com frequência à área econômica. “Temos muita clareza de que há interesse com as condições que estão colocadas”, assegurou a fonte.
Para o governo, os investidores não manifestaram nenhum temor decorrente dos protestos. “Não temos percebido nos investidores com familiaridade em infraestrutura um comportamento alterado por causa da conjuntura”, afirmou a fonte. O governo decidiu que não vai esperar que todos os lotes sejam finalizados para licitar tudo junto. “Ficou pronto a gente põe na rua”, disse.

Sindicato
O Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estão concluindo as negociações com os grandes bancos privados para a formação de uma espécie de sindicato bancário, que financiará as obras. A fonte explicou que, para cada projeto, pode haver uma formação diferente no sindicato, com alteração no porcentual de participação de cada instituição. “Não precisa replicar a mesma composição em todas as obras”, disse.
Para atrair os bancos privados para as concessões, Mantega concordou em elevar a taxa de financiamento. O custo dos empréstimos era a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) acrescida de 1,5% ao ano. A taxa vai subir para TJLP mais 2% ao ano, o que melhora o retorno para os bancos.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Comissão aprova minuta que muda Lei do Descanso

A comissão especial criada na Câmara dos Deputados para alterar a Lei do Descanso (12.619) aprovou nesta quarta-feira (3) a proposta do seu relator, Valdir Colatto (PMDB/SC). Foram 17 votos favoráveis e apenas 4 contrários (veja abaixo como votaram os integrantes). A aprovação da minuta é a principal reivindicação do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC), que desde a segunda-feira (1) realiza uma série de bloqueios de rodovias no País.

O texto agora vira projeto de lei e precisa ser aprovado pelo plenário da Casa. Se passar por esta nova etapa e for sancionado pela presidente Dilma Rousseff, os direitos dos caminhoneiros implementados pela Lei do Descanso serão reduzidos.

A minuta aumenta de 4 para 6 horas o tempo de direção no qual o motorista deve parar meia hora para descansar. E diz que o caminhoneiro autônomo é obrigado a descansar 10 horas e não mais 11 horas entre dois dias de trabalho. Essas 10 horas podem ser fraccionadas durante o dia, coincidindo com intervalos para refeiçoes, desde que seja garantido a ele um descanso mínimo de 8 horas ininterruptas.

Em relação à jornada dos empregados, a minuta estabelece que eles poderão trabalhar 8 horas diárias e mais quatro horas extras. Na Lei do Descanso, são permitidas apenas mais duas horas extras. Pela proposta da comissão, eles continuam tendo 11 horas de descanso, mas apenas 8 terão de ser ininterruptas. As outras três poderão inclusive coincidir com períodos de refeição e o intervalo a cada 6 horas.

A minuta também propõe uma redução drástica na remuneração do tempo de espera. Pelo texto atual, esse tempo deve ser indenizado num valor 30% superior à hora normal. Pela proposta aprovada na comissão, será de apenas 20% da hora normal.

Comissão e auxiliar do autônomo
O pagamento por comissão do caminhoneiro empregado volta a ser permitido se a proposta dos deputados for aprovada em plenário. Outra mudança importante é que a minuta cria a estranha figura do Transportador Autônomo de Carga Auxiliar. Ou seja, o autônomo pode contratar alguém para dirigir seu caminhão sem que a relação entre ambos caracterize vínculo empregatício.

Estradas e pontos de apoio
Toda a nova lei só vai vigorar, de acordo com o projeto, nas estradas onde haja pontos de paradas adequados para seu cumprimento. O governo, segundo o texto, teria de homologar a primeira relação de rodovias após 180 dias da publicação da nova lei. Em mais 240 dias, o governo teria de atualizar a relação periodicamente.

Exames toxicológicos
No texto atual, as empresas são obrigadas a criar programas de prevenção de drogas para seus funcionários. No projeto, os caminhoneiros terão de realizar exames obrigatórios “de larga janela de detecção específico para substâncias psicoativas que causem dependência por ocasião da admissão do empregado na função de motorista profissional, renovado todas as vezes em que o mesmo se fizer necessário, a critério do empregador”.
OUTRAS MUDANÇAS
A proposta aprovada na comissão também altera outras legislações que nada têm a ver com o tempo de trabalho dos caminhoneiros. Uma delas é a resolução 3.658, da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT).

“O pagamento do transportador autônomo deve ser feito preferencialmente em espécie ou por meio de crédito em conta de depósitos mantida em instituição bancária, conta corrente ou poupança ou por outro meio de pagamento regulamentado pela ANTT.” Este trecho do projeto subverte o espírito da resolução, que regulamentou o pagamento do caminhoneiro autônomo após o fim da carta-frete.

Para trazer o setor para a formalidade, evitando a sonegação, a ANTT estabeleceu que o pagamento deve ser feito por depósito direto em conta corrente do profissional ou por meio eletrônico, vetando o pagamento em dinheiro.

Se aprovado, o projeto também vai interferir na Lei da Estadia. O texto determina prazo máximo de cinco horas para carga e descarga. E diz que, após esse tempo, o caminhoneiro autônomo ou a transportadora terão direito a R$ 1,38 por tonelada/hora de carga.

Outra mudança proposta pela comissão está relacionada à tolerância de peso nas balanças. O Conselho Nacional do Trânsito (Contran) vem adiando a redução de 7,5% para 5% da tolerância por eixo. E a comissão propõe a extensão para 10%. Por último, o grupo de deputados diz que os caminhões vão pagar o pedágio devido apenas pela unidade tratora, isentando reboques e semirreboques.
Veja como votaram os deputados
Pela mudança na lei
Celso Maldaner (PMDB/SC)
César Colnaghi (PSDB/ES)
Nilson Leitão (PSDB/MT)
Leopoldo Meyer (PSB/PR)
Sandro Alex (PPS/PR)
Nelson Marquezelli (PTB/SP)
Bernardino Barreto de Oliveira (PRB/PR)
Dr Grilo (PSL/MG)
Jungi Abe (PSD/SP)
Onofre Agustini (PSD/SC)
Alceu Moreira (PMDB/RS)
Darcísio Perondi (PMDS/RS)
Lázaro Botelho (PP/TO)
Márcio Junqueira (DEM/RR)
Paulo Foletto (PSB/ES)
Oziel Oliveira (PDT/BA)
Rubens Moreira Mendes (PSD/RO)
Contra a mudança na lei
Vanderlei Macris (PSDB/SP)
Hugo Leal (PSC/RJ)]
Jô Moraes (PCdoB/MG)
Vilson Covatti (PP/RS)
fonte revista carga pesada